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Adolfo Ferreira

Adolfo Ferreira na São Silvestre do Porto, em dezembro de 2013.

A experiência EM'Força

O Adolfo foi o grande impulsionador desta iniciativa. Como é que surgiu a ideia de divulgar a Esclerose Múltipla (EM) através do Desporto?

A ideia foi sendo construída mas fundamentalmente ganhou corpo numa peregrinação a Santiago de Compostela. Naquela altura, fazíamos muitas provas de corrida e bicicleta e em todas havia sempre t-shirts para usar, mas sem grande significado. Achámos que seria uma ideia gira usar esse espaço disponível para algo que fizesse mais sentido.

 

Porquê fazê-lo pela EM?

Na altura, convivia de muito perto com a EM. Sentia que não havia nada que pudesse fazer para ajudar e isso custava-me. A ideia da EM'Força vinha criar uma forma de, mesmo não sendo nada de muito importante,  criar uma forma de ajudar e dizer a quem tinha EM que estávamos ali, que podiam contar com a EM'Força.

 

Que conceito era este da EM'Força quando o apresentou à SPEM em 2012?

O conceito original era um pouco o que ainda hoje existe, o que pretendia era criar uma equipa que corresse com as cores da causa e criasse um espaço para três objectivos. Primeiro, encontrar uma forma de divulgar a EM, evitando que quem sofre de EM fosse duplamente descriminado. O facto de a maioria das pessoas desconhecer o que na realidade é a EM leva a que se descrimine ainda mais quem tem EM, criando uma barreira adicional de incompreensão.

 

O segundo objectivo era, de uma forma simples, criar uma plataforma que permitisse que quem, como eu, convive com pessoas que têm EM, pudesse encontrar uma forma de fazer algo, mesmo que de uma forma simples através de uma corrida, um objectivo atingido ou uma superação individual que no final era dedicada. Algo como correr por quem não pode personificada na oferta da camisola mágica usada na prova.

 

Por fim, e porque a ajuda monetária é sempre bem vinda, encontrar uma forma que permitisse que a EM'Força conseguisse canalizar fundos para apoiar as instituições que apoiam quem tem EM.

 

A ideia de correr por uma causa em provas desportivas, assumindo desafios pessoais, é algo visto noutros países com uma componente de integração muito forte, especialmente do ponto de vista da angariação de fundos. Sentiu dificuldades na implementação do conceito no nosso país?

Sim, na verdade, é algo muito simples e conhecido noutros países, onde, por exemplo, todos os participantes na Maratona de Londres angariam fundos para uma causa. No entanto, em Portugal, este tipo de iniciativas é muito pouco comum e é até olhado com alguma desconfiança. Daí não ter sido implementado logo de início. Era preciso mudar a cultura e isso não se faz de uma forma simples. Mas acredito que é o desenvolvimento lógico da EM'Força e da participação neste tipo de actividades.

 

O que é que falta fazer em Portugal para que o envolvimento com este tipo de iniciativas seja algo de mais instituído?

Primeiro, temos de ter uma mudança cultural que permita olhar para o apoio social de uma forma diferente. Em Portugal, todo o processo é muito baseando em apoios estatais. As instituições estão quase exclusivamente orientadas para o Estado e os particulares consideram que, com a sua contribuição social nos impostos, cobrem a sua intervenção e que caberá ao Estado gerir esses fundos.

 

Por questões ideológicas, não concordo com esta abordagem, gosto mais do modelo que vejo noutros países onde as instituições são orientadas a envolver a sociedade nas suas actividades precisamente no sentido de angariar os fundos necessários para as suas actividades. Prefiro porque, por um lado, as instituições precisam de ser dinâmicas e activas, o que as faz ser mais eficientes, ao mesmo tempo que a sociedade, ao envolver-se, vai dessa forma conseguir uma muito maior envolvência junto daqueles que precisam de apoio mas também de integração.

 

Qual o balanço que faz até agora do percurso da EM'Força desde que surgiu, no final de 2012?

Acreditem que vejo todo o trabalho desenvolvido pela equipa da EM'Forca com uma enorme satisfação e dentro da minha pequena contribuição como um enorme orgulho. Creio que os objectivos foram largamente ultrapassados. A equipa da EM'Força conseguiu criar uma onda de apoio à EM muito significativa, pondo centenas de pessoas em dezenas de provas a experimentarem o prazer de correr com a camisola mágica e dessa forma conseguiu o melhor de todos os objectivos: sacar uns quantos sorrisos às pessoas com EM que nem sempre têm razões para o fazer.

 

Falando enquanto atleta, quais foram os melhores momentos vividos com a camisola da EM'Força?

Foram muitos momentos mágicos que só se conseguem quando se veste a camisola da EM'Força. As noites das duas primeiras São Silvestre da EM'Força e a força enorme que nos deu a equipa da SIC que correu connosco a de Lisboa.

 

Antes ainda quando acabei a minha primeira maratona com uma t-shirt da EM ou quando fiz a primeira corrida em África e a fiz com a EM'Forca, ou até mesmo quando há dias corria normalmente na marginal de Luanda e por mim passou alguém a correr com a camisola mágica da EM'Forca :-).

 

Já mantinha uma atividade física regular quando começou a correr por esta causa?

Sim, bem mais do que agora, infelizmente.

 

Como sentiu a recetividade das pessoas com quem se tem cruzado nas provas ao verem esta camisola e a divulgação desta causa através deste meio?

Excelente. Muitos vinham ter comigo a dizer que tinham parentes, amigos, etc. que tinham EM e que não faziam ideia de como os ajudar. Outros, pura e simplesmente, a perguntar o que era a EM'Forca e a EM.

 

Qual é o próximo objetivo?

A nível pessoal, neste momento, completar 4 meias maratonas e, no final, fazer uma das provas mais míticas de África: a Meia Maratona dos Dois Oceanos na Cidade do Cabo. Já fiz a de Lisboa em março, vou fazer em setembro a de Luanda e a do Porto. Quando voltar à Europa, terminar a Maratona de Londres.

 

Como é que faz a preparação?

Nunca fui muito rigoroso em treinos nem na alimentação - depois pagava isso nas provas e nas recuperações -, mas tentava cumprir com os planos que normalmente existem nos sites das provas e, claro, massa, muita massa antes da prova.

 

Embora admita que, por norma, tem acontecido, antes das grandes provas, ter sempre festas e jantares de amigos que não posso deixar de ir e fazer tudo o que não devia no dia anterior à prova. Mas a vida é para viver e há sempre tempo para tudo. O importante é viver o que podemos.

 

Para aqueles que já nos conhecem mas ainda não abraçaram o desafio de correr por nós, o que lhes diria?

Que experimentem porque não há nada melhor do que o prazer de correr por uma causa, de juntar o nosso esforço e suor a uma causa.

 

Numa palavra: correr pela EM'Força é…?

Mágico :-)

Objetivos alcançados

Peregrinação de bicicleta a Santiago de Compostela, 2013

Maratona do Porto, 2012

Meia Maratona de Lisboa, 2015

Meia Maratona Internacional Cidade de Luanda, 2013

Meia Maratona de Lisboa, 2013

São Silvestre do Porto, 2012

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