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Orlando Duarte

A experiência EM'Força

Como conheceu a EM'Força?

Na prova dos 10 Km da Lagoa, na Foz do Arelho, reparei que o amigo Pedro Mendes Silva não trazia a habitual camisola dos “Não fazemos nem mais um… Km” mas sim uma camisola vermelha com as mensagens da EM’Força e as mensagens ficaram-me na retina. Na semana seguinte, no Trail Nocturno de Óbidos, para além dele, vinha também a esposa, a Rita Cipriano. Então abordei-o e ele deu-me as informações necessárias para chegar à equipa.

 

O que o levou a vestir a camisola "mágica" pela primeira vez?

Depois de representar algumas equipas de bairro com alguns dissabores, decidi passar a correr como individual e ser livre e independente. Porém, ao tomar conhecimento desta ideia, vi que se encaixava perfeitamente no meu modo de estar nas corridas, e sobretudo, agrada-me a ideia solidária de se correr por quem não pode ou precisa de ajuda.

 

O Orlando tem demonstrado uma grande vontade de levar esta camisola a grandes conquistas. Cumprida a estreia, no início de setembro, foram quatro semanas consecutivas de desafios que o levaram a atingir os 76 Km com a EM'Força. O que sente em todos estes desafios quando leva a camisola "mágica" vestida?

Para alguns poderá parecer um paradoxo, mas esta camisola dá-nos alento e nas provas mais longas e nos momentos mais difíceis ela, com a sua magia, faz-nos pensar que somos uns privilegiados por andarmos ali no meio da natureza e que, infelizmente, há pessoas que não podem e nós temos o dever de correr para elas e por elas!

 

Qual a importância, na sua opinião, da sensibilização da EM no âmbito do desporto?

Elevada. O meio desportivo é muito vasto em todos os aspectos: etários, culturais, académicos, sociais e muita gente ignora por completo estas doenças.

 

Como tem sido o seu percurso até agora no mundo da corrida?

Quando aos 18 anos fui contagiado por uma coisa que apareceu em finais de 1974 e que se chamava “Corrida Para Todos”. Comecei a treinar sozinho (treinar? Correr continuamente 20, 30 ou 40 minutos), e participar de vez em quando nas poucas provas que havia na época…

 

A partir de 1980/81 comecei a ter mais disponibilidade e condições para treinar (mesmo com plano de treino) e a participar em mais provas, que também já havia mais.

 

Assim, desde Setembro de 1985, já participei em 590 provas, entre as quais 1 maratona (1988, em 3h02) e 90 provas com 20 ou mais Km – das quais 53 meias maratonas.

 

Porquê a aposta na corrida e não noutra modalidade?

O meu passado desportivo concentra-se muito nas corridas. Porém, na adolescência, pratiquei vários desportos, mas nunca federado; futebol e karaté, por exemplo. Acontece que eu vivi – sem saber - cerca de 20 anos com as rótulas partidas, de modo que os desportos mais dinâmicos era muito complicado suportá-los… Como disse atrás, fui contagiado pela corrida e como as breves corridas que dava na altura não me faziam doer tanto os joelhos, achei que era a modalidade ideal.

 

Todavia, com o aumento da carga do treino, o inevitável aconteceu: fortes dores agudas no joelho direito obrigaram-me a ir ao ortopedista. Feito o RX, o diagnóstico era patelas bi-partidas. O que veio deitar por terra a ideia dos meus pais que achavam que eram as dores do “crescimento” como se dizia na época. Na sequência da fisioterapia e da recuperação, as melhorias eram evidentes, o joelho esquerdo nunca mais me doeu, e no direito, que sempre foi o pior, sinto dores mas perfeitamente suportáveis, e o regresso às corridas era inevitável. Daí para cá, excepto na época 92/93, em que fui operado a um tendão no joelho esquerdo, nunca mais parei!

 

Como é sentir a força desta causa na chegada à meta, com tanta gente que não pode correr, a apoiá-lo?

Sem qualquer ponta de hipocrisia, o cruzar o traço final das provas passou a ser diferente, para além do prazer que as corridas me proporcionam, passei a sentir um bem-estar e o sentimento do dever cumprido!

 

Sente a curiosidade das pessoas que se cruzam consigo nas provas quando vêem a camisola da EM'Força?

Sim, claramente. Já não é o primeiro que me rodeia a ler a camisola e a fazer perguntas…

 

O que é que conhecia da Esclerose Múltipla antes de correr com a nossa camisola?

Da Esclerose Múltipla, nada. Todavia, infelizmente, conhecia a Esclerose Lateral Anquilosante, que levou à morte um cunhado meu ao fim de cinco anos…

 

O que mudou a esse nível quando começou a correr pela EM'Força?

Graças à brochura entregue com o kit, passei a ter mais conhecimentos sobre a doença e a estar mais sensibilizado para a causa!

 

Como é que faz a preparação?

Como disse, comecei a correr aos 18 anos duma forma muito empírica, mais tarde com planos de treino, mas a partir dos 45 anos a minha preparação é muito básica e centrada na corrida contínua, pontualmente com treinos de velocidade se há um objectivo para uma prova de 10 Km, por exemplo. Na parte alimentar, não sendo abstémio absoluto, raramente ingiro bebidas alcoólicas, assim como nos sólidos, evito fritos e gorduras, por exemplo. Tento levar uma alimentação o mais regrada possível, mas quando é festa é festa!

 

Para aqueles que já nos conhecem mas ainda não abraçaram o desafio de correr por nós, o que lhes diria?

O que lhes diria e o que lhes digo: “Se tens prazer em correr, vais sentir um duplo prazer em correr com esta camisola mágica. Vem. Não hesites!".

 

O que gostaria que a EM'Força fizesse por si?

Por mim, nada! Não foi isso que me fez chegar aí. Porém, pelos afectados com a doença, tudo o que estiver ao vosso alcance!

 

Numa palavra: correr pela EM'Força é…?

Frutuoso!

 

Outubro 2014

Orlando Duarte no 5º Trail Terras do Grande Lago, em Portel

Objetivos alcançados

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