top of page

Jorge Pina: «Façam sempre para conseguir o vosso melhor»

No treino que organizámos no passado dia 9 de abril, em Lisboa, para além dos cerca de 500 participantes que tivemos a correr e a caminhar por quem tem Esclerose Múltipla, tivemos também o orgulho de receber na nossa sede o atleta paralímpico português Jorge Pina.

Poucas semanas depois, na Maratona de Londres, a 24 de abril, este incrível atleta viria a confirmar a presença nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro ao conquistar o Bronze naquela prova.

Sendo um dos rostos do desporto português, a honra de termos um atleta como o Jorge Pina a vestir a camisola Mágica é imensurável. Por isso mesmo, aproveitámos para ter dois dedos de conversa com um dos atletas que irão representar Portugal no Rio de Janeiro.


Como surge a corrida na sua vida? A corrida apareceu na minha vida muito cedo. Comecei a fazer desporto com 11 anos, primeiro pratiquei futebol mas rapidamente percebi que tinha mais jeito com as mãos e dediquei-me ao boxe. A corrida sempre fez parte da minha preparação enquanto fiz boxe. Era um complemento na minha preparação.

Comecei a levar a corrida mais a sério depois de ficar invisual. Quando me aconteceu este problema, não baixei os braços e comecei a correr no Estádio Universitário com atletas da equipa paralímpica e rapidamente consegui atingir um nível que me permitiu obter mínimos para a maratona dos Jogos Paralímpicos de Pequim em 2008. Qual foi a sensação de cortar a meta no final da sua primeira prova? Se considerarmos a primeira prova enquanto não era praticamente profissional de atletismo, o meu objetivo era desfrutar cada momento da prova e chegar ao fim com a sensação de que me transcendi e cumpri o objetivo e foi isso que senti ao cortar a meta. A sensação que tive ao cortar a meta numa prova oficial foi de orgulho por estar a representar o meu país, senti que dei tudo o que podia dar e que cumpri os objetivos a que me propus. Qual a preparação especial a ter no caminho para a Maratona dos Jogos Paraolímpicos? É preciso muita disciplina, treino e fé. Não podemos descurar dos objetivos, por isso é preciso fazer muitos sacrifícios, deixar de fazer algumas coisas para estarmos focados. Com frequência faço meditação, que me ajuda bastante a enfrentar os treinos com mais força. Dou muita importância à parte espiritual que também faz parte da minha preparação.

Qual foi o momento decisivo que o levou a perceber que, apesar das limitações, era possível cumprir objetivos desportivos? Quando fiquei invisual percebi que o desporto era uma forma de me reabilitar. No desporto encontrei a força para continuar a sonhar e que, apesar das limitações, nada me podia parar. Não desisti… Sempre fui um lutador nos ringues e na vida. Assim que descobri que não podia fazer aquilo que mais amava, o boxe, procurei de imediato outro desporto que me fizesse transcender e encontrei no atletismo a força para continuar. Qual a importância, na sua opinião, do desporto para que a solidariedade saia reforçada na nossa sociedade? Com o aumento do número de praticantes de desporto e sobretudo de atletismo, apercebemo-nos que é possível associar o bem estar-individual à componente solidária. A pessoa faz bem a si própria e ainda ajuda a ajudar os outros. Eu acredito que quando a pessoa, por exemplo, se inscreve numa corrida que tem uma causa, apercebe-se que é parte integrante de um projeto solidário que vai ajudar muitas pessoas.

No meu caso, que criei a Associação Jorge Pina, eu encontrei no desporto a forma de promover a inclusão, a harmonia e a paz. Os projetos da Associação englobam crianças e jovens de bairros mais desfavorecidos e crianças com algum handicap. Através do desporto e do meu exemplo de vida, tento passar valores a estes jovens que os façam tornar-se pessoas melhores. A sua história de vida está carregada de superação e de uma força inexcedível e contagiante. Também quem vive com Esclerose Múltipla, no seu dia a dia, precisa dessa força e dessa capacidade de superação. Que mensagem gostaria de transmitir a quem tem Esclerose Múltipla? Acreditar sempre e nunca desistir de lutar. O verdadeiro campeão nunca desiste e não são as limitações físicas que nos impedem de alcançar os nossos objetivos. Ao longo da minha vida sempre me baseei no lema “onde há vontade, não há limitações” e é isso que eu quero que vocês usem nas vossas vidas. Perante as adversidades, lutem e façam sempre para conseguir o vosso melhor.


Queremos aproveitar para endereçar ao Jorge Pina e à sua Associação um enorme abraço de agradecimento pela presença neste treino e por todo o apoio demonstrado a esta causa. Os nossos desejos de muito sucesso nos próximos objetivos!


Mais notícias

bottom of page